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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Águas Belas: uma cidade à venda

Devido à seca, moradores e comerciantes do município deixaram suas casas e colocaram placas de venda nos imóveis
Placas de vende-se e aluga-se colocadas nas casas e estabelecimentos comerciais de Águas Belas estão deixando o município com cara de abandono. Foto: Paulo Paiva/DP/D.A Press

As pacatas ruas da cidade de Águas Belas, no Agreste de Pernambuco, são o cenário ideal para quem gosta de tranquilidade. Com pouco mais de 40 mil habitantes, o município que fica a aproximadamente 300 km de distância do Recife, conserva características de pequenas cidades do interior. É comum encontrar pessoas sentadas na calçada de casa e ver cavalos e jumentos circulando no centro da cidade. 

No entanto, a seca que castigou e segue castigando o Nordeste brasileiro tem feito muita gente bater em retirada e deixar uma vida inteira para trás. Placas de vende-se e aluga-se colocadas nas casas e estabelecimentos comerciais de Águas Belas estão deixando o município com cara de abandono. “As pessoas estão indo embora por causa da seca e da falta de oportunidades”, sentenciou a professora Ismailda Leite de Sá, 66 anos. 

Nas duas últimas semanas, a cidade que abriga cerca de cinco mil índios teve uma movimentação fora do comum. A presença de várias viaturas policiais e carros da imprensa que trabalhavam na investigação do assassinato do promotor Thiago Faria Soares, 36 anos, morto com quatro tiros de espingarda calibre 12, chamou a atenção da população local. 

Quem circulou pela cidade com um olhar mais atento contou, no mínimo, umas 30 placas oferecendo os imóveis para vender ou para alugar. “Isso é o reflexo da situação na cidade. Muita gente perdeu o gado que tinha e não consegue plantar nada na roça por conta da seca. A cidade sofreu muito com essa falta de água, o que fez algumas pessoas deixarem suas casas”, relatou a aposentada Tereza Pereira da Silva, 75, moradora da periferia de Águas Belas. 

O agricultor José Francisco da Silva, 48, chega a ficar até 15 dias sem receber água em casa. Para abastacer a família, é obrigado a pegar água numa fonte da cidade, onde muitos águas-belenses fazem o mesmo. “Venho buscar água todos os dias. Graças a Deus, aqui nunca falta. A situação é muito triste nessa região. A gente não consegue plantar nada e os bichos acabam morrendo de sede. Conheço pessoas que não aguentaram o sofrimento e foram embora da cidade”, contou Francisco enquanto abastecia seu reservatório. 

Apesar do depósito estar pintado com o valor de R$ 20, o agricultor garantiu que não comercializava a água. O movimento em torno da fonte na praça é grande. As carroças chegam a formar filas à espera da sua vez de pegar água. 

Violência
Localizada numa área histórica de conflitos entre famílias rivais, Águas Belas, já viveu anos de violência. Moradores e policiais da cidade afirmam que hoje a violência está sob controle. A rotina de tranquilidade, porém, foi quebrada com o assassinato do promotor Thiago Faria, na cidade vizinha de Itaíba. Até esse final de semana, a polícia havia registrado seis homicídios em Águas Belas. O último aconteceu na madrugada da última quarta-feira, na área rural. Segundo a Secretaria de Defesa Social (SDS), 14 pessoas foram assassinadas no município nos anos de 2012 e 2011.




Diario de Pernambuco

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