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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Além do meio de campo

Quem acompanha a trajetória do governador Ricardo Coutinho, goste dele ou não, tem que admitir que ele não abre nem pra Globo. Hoje, outra vez, tivemos mais uma oportunidade de atestar isso. Ao se pronunciar sobre a conclusão do inquérito da Polícia Federal sobre o Jampa Digital, o governador mirou diretamente o dono da Rede Paraíba de Televisão. Citou o nome do empresário Eduardo Carlos como quem diz: “É o com o senhor mesmo que estou falando”, pondo abaixo qualquer nova esperança de reconciliação entre o governo e o sistema. Fez isso inspirado pela revolta com que acompanha a cobertura midiática da Globo sobre o caso.

A PF indiciou 23 pessoas, ligadas, de alguma forma, ao processo de licitação, contratação e execução do serviço, que, de fato, não funcionou como prometia. Porém, durante o curso da investigação, não levantou um dado concreto que pudesse trazer a figura do governador para o centro da ciranda. Apesar disso, o socialista, que é amigo pessoal do governador Eduardo Campos, um homem que ameaça a unidade da base e do projeto de reeleição de Dilma, virou protagonista.

Após o inquérito ser revelado sobre outro prisma, abriu-se outro cenário. O processo, até o presente momento, sugere, em resumo, que “o governador está fora”, e que, a partir dessa premissa, quem quer que seja que queira colocar por força de desejo pessoal ou política estará passível a responder judicialmente pelos seus atos.
Foi com essa segurança que o governador avançou a linha do meio de campo, saindo da defesa para o ataque. Assim, caso ignore qualquer cautela na abordagem dos fatos, a oposição, seja ela midiática ou eleitoral, pode se arriscar num caminho que renderá reações judiciais pouco desejáveis.

Não é o que parece que pode acontecer. Já percebe-se que a oposição preferiu hoje focar na relação do governador com a Polícia Federal, procurando acentuar uma crise entre as duas instituições a fim de que isso possa render novidades,  visto que o inquérito em si, como fonte de informação, já não produz tanto.  Ao menos como se deseja.

Ficou tão claro para a oposição na Paraíba que o Jampa Digital só presta se tiver o governador no meio que o nome do vice-governador Rômulo Gouveia (PSD), um dos indiciados no processo, e do ministro Aguinaldo Ribeiro (PP), não atraíram tanta atenção. Eles e outros, ao que parece, só têm importância na medida em que puderem, de alguma forma, puxar o governador para a dança. Sem puxar, nada valem.

É óbvio que o caso Jampa Digital precisa dar algumas respostas à Justiça e à sociedade. Mas quem as procura não pode quere achá-las à força em quem deseja que responda. Forçando por este rumo, outras peças podem aparecer no processo poderão não agradar à oposição. Afinal, quem pergunta o que quer corre o risco de ouvir o que não quer.


Blog do Luís Torres

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