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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Mais de 100 mil já dependem de carros pipas na Paraíba; 27 açudes estão praticamente secos


Dos 121 açudes monitorados pela Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado(Aesa), 27 estão secos ou quase secos na Paraíba. A estiagem, que castiga quatro das cinco regiões do Estado, já deixou 22,3% desses reservatórios com, no máximo, 20% de sua capacidade total. Em cinco deles, segundo a Agência, o acumulado é apenas de 5% e a situação é considerada "crítica".

Municípios inteiros dependem exclusivamente da distribuição de água através de carros pipas. A maioria dos 195 municípios onde foi decretado estado de calamidade pública soma mais de 118 mil pessoas dependendo da distribuição de água feito pelo Exército.

Clique aqui e veja a relação de municípios abastecidos pelo Exército. 

Os mananciais de municípios do Sertão como Teixeira e São José do Sabugi, e da região do Cariri, a exemplo de Ouro Velho, secaram completamente. A população só tem água quando faz fila à espera dos caminhões que se transformam na salvação principalmente para matar a sede e para preparar a comida, que também é escassa.

Em Teixeira, cidade a 320 quilômetros de João Pessoa, que tem uma área de 114,43 e fica na transição entre o Sertão e o Cariri, os 14 mil habitantes da zona rural e urbana estão dependendo do abastecimento de carros pipa. Exército está abastecendo a zona rural e levando água a 6 mil e 206 pessoas. O restante da população do município está recebendo água nos carros-pipa de uma parceria entre a Prefeitura e o Governo do Estado.

Os açudes que abastecem a população de Teixeira, o Bastiana e o São Francisco II, estão praticamente secos. O primeiro deles, que tem capacidade para acumular quase 1,3 milhão de metros cúbicos, está com um volume atual de apenas 38 mil 330 metros cúbicos. Ou seja, 3% da sua capacidade de armazenamento. No caso do açude São Francisco II, a situação é ainda pior. Dos quase 5 milhões de metros cúbicos de capacidade de acúmulo só restam 26,7 mil metros cúbicos. Ou seja, 0,5% do total.

No município de Ouro Velho, no Cariri paraibano, mais de 2 mil pessoas, ou seja quase toda população da cidade, está recebendo água dos carros-pipa do Exército. O açude, que tem o mesmo nome da cidade, tem capacidade de acumular 1,6 milhão de metros cúbicos de água, mas está com apenas 48,2 mil metros cúbicos (2,9%) de sua capacidade de acúmulo de água.
Mas é na cidade de São José do Sabugi que a situação chegou ao limite zero. O açude São José IV que tem capacidade para acumular 554 mil metros cúbicos de água está completamente vazio. O município tem uma população de 4 mil e 98 habitantes e, desse total, 1.431 pessoas estão na zona rural. O abastecimento d'água está sendo feito de carros pipas, patrocinados pela prefeitura e pelo Governo do Estado.

Na maior cidade do Sertão, Patos (com uma população de pouco mais de cem mil habitantes), a população da zona rural também está na dependência dos carros pipas para abastecimento d'água. O município fica às margens da BR 230 e que interliga a Paraíba aos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

Patos tem um potencial de consumo de mais de um R$ 1 bilhão em 2012 e entrou no mapa das 20 cidades do interior do país com as maiores taxas de consumo. Contudo, os dois mananciais que abastecem o município estão com capacidade considerada crítica, abaixo dos dez por cento. Para suprir as necessidades da população urbana, o abastecimento da cidade está sendo feito do açude de Capoeira, localizado no município vizinho de Santa Terezinha.

De acordo com a técnica da Gerência de Operações de Mananciais da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado, Itamara Mary, o açude está abastecendo exclusivamente a população da cidade de Patos. Está sendo proibida a utilização das águas do açude de Capoeira para a irrigação ou qualquer outra atividade que não seja abastecimento humano.

Ela explicou que isso é necessário para que o açude possa ter condições de levar água para o consumo doméstico em Patos por pelo menos mais 20 meses. "A esperança é de que antes de vir a acontecer um colapso no abastecimento em Patos, as chuvas caiam e os dois açudes da cidade retomem a capacidade de abastecimento", disse.
O açude Capoeira também não está numa situação muito boa. O manancial tem capacidade para 53, 4 milhões de metros cúbicos, mas está com apenas 12,9 milhões - 24,3% da capacidade. O açude da Farinha, também em Patos, segundo dados mais recentes da Agência Executiva de Gestão das Águas, tem capacidade para acumular 25,7 milhões de metros cúbicos e possui apenas 2,4 milhões (9,4% de sua capacidade). No açude Jatobá I, a capacidade é de 17,5 milhões de metros cúbicos e tem hoje apenas 1,5 milhão ( 8,7%).

Na zona rural de Patos, segundo o presidente do sindicato rural e secretário de Agricultura do município, Sebastião Lima, 3 mil e 500 pessoas estão recebendo água em quatro carros pipas, um da Prefeitura e três do Governo do Estado. O abastecimento é feito somente de segunda-feira até a sexta-feira. No fim de semana não tem abastecimento d'água.

O número de caminhões pipas não são suficientes, segundo Sebastião Lima e a quantidade de cisternas de placas - cerca de 495 existentes na zona rural - também não são atendem a população nos períodos de estiagem, que são frequentes na região.Os 90 poços artesianos também secaram. "Seria preciso mais cisternas para levar cada uma a cada três famílias, pelo menos", explicou Sebastião.

O secretário executivo de Infraestrutura do Governo, Carlos Alberto Dantas, informou que o Estado adotou ações complementares em 100 cidades que estão sofrendo com a estiagem. Disse que, nos municípios onde o Exército não está abastecendo, a Prefeitura pode solicitar a parceria do governo estadual, que pode repassar recursos para a contratação de pipeiros. "A Secretaria de Infraestrutura repassa até R$ 45 mil para um período de 90 dias", informou.


No município de Triunfo, no Sertão do Estado, cerca de 9.220 pessoas estão sofrendo com a falta de água nas torneiras. De acordo com moradores, o nível de água do Açude das Gamelas, responsável pelo abastecimento da região, chegou a um estado alarmante, e há duas semanas os moradores precisam comprar carroças de água ao custo de R$ 12.

Nesta sexta-feira (26), a população realizará uma manifestação pública que sairá do bairro Luiz Gomes de Brito até a unidade da Cagepa.





Da Redação com Luciana Rodrigues

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