Em meados da década de 1990, o jornalista e quadrinista Joe Sacco inaugurou uma nova forma de narrativa jornalística, o jornalismo em quadrinhos. Este novo modo de narrar, que demorou cerca de um século para se constituir, marca a retomada de uma história em quadrinhos realista.
O Jornalismo em Quadrinhos é também conhecido por outros nomes, como Jornalismo Gráfico. Mescla de arte e reportagem faz do jornalismo em quadrinhos uma nova tendência
Quando se pensa em história em quadrinhos é comum lembrar dos fantásticos super-heróis ou das tirinhas de jornal. Mas os quadrinhos como um canal para fazer reportagens, você conhece? Ele existe. Ainda pouco estudado nos cursos de Comunicação, o gênero, conhecido como Jornalismo em Quadrinhos (ou Jornalismo Gráfico) mescla os relatos de uma reportagem com a arte da História em Quadrinhos.
De roupagem moderna, o Jornalismo em Quadrinhos é tão antigo quanto a imprensa brasileira. O desenhista Ângelo Agostini denunciou no século XVIII, no Brasil, abusos contra escravos através de desenhos legendados em sequência. O gênero ganhou notoriedade quando em 1992 o cartunista sueco Art Spiegelman recebeu um prêmio Pulitzer por Maus - A história de um sobrevivente, que narra, em quadrinhos, os horrores do holocausto nazista através de uma fábula.
O Pulitzer, que contempla anualmente trabalhos de excelência na área do Jornalismo norte-americano, pela primeira vez premiou, nesta oportunidade, uma história em quadrinhos.
O fotógrafo e repórter francês Didier Lefèvre saiu em julho de 1986 para uma jornada no Afeganistão, ao lado dos chamados “Médicos Sem Fronteiras” - uma ONG que trabalha a favor dos feridos de guerra. Em sua aventura, o que Lefèvre não esperava é que dentro de um cenário tomado pela guerra, ele encontraria paisagens lindas e um povo além de desconfiado, muito solidário.
Didier Lefèvre ficou fascinado com a paisagem. Retornou ao local oito vezes para tirar fotos, mas a experiência não coube apenas em fotografia. O Afeganistão é um minúsculo país localizado na Ásia Meridional, mas têm suas tradições e até mesmo por segurança o repórter não pôde fotografar diversas situações.
Foi então que em 2003 Lefèvre encontrou um recurso para retratar o que viu. Este recurso foi a ilustração. Numa mescla de história em quadrinhos e fotografia o repórter francês criou a obra O Fotógrafo – Uma História do Afeganistão. Pela terceira edição da obra, Didier Lefèvre recebeu em janeiro de 2007 o que seria o maior reconhecimento pelo seu trabalho. Foi premiado no 34º Festival Internacional de Quadrinhos Angouleme, pela categoria “Álbuns essenciais”.
O Angouleme é tratado pela crítica especializada como um dos principais prêmios dos quadrinhos europeus. Dias após receber a premiação Didier Lefèvre morreu vítima de um ataque cardíaco. O mundo perderia um artista. A comunicação consolidaria um gênero.
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